"O que eu procuro em ti, é esquecer-me do que realmente procuro .. "
Aconteceu tanto, é irremediável. Os laços quebraram-se, não há mais nós. Hoje está tudo tão a preto e branco, está tudo tão cinzento lá atrás na vida. Os meus olhos choram de dor, de simples dor e mágoa. Mágoa que tu animas quando dizes querer de novo incendiar-me para depois me apagares com um sopro.
Já não posso mais, balançar assim segundo as tuas vontades, as tuas incertezas. O que entre nós ficou, ficará, guardei tudo na minha caixinha de memórias, abro-a e recordo todos os dias. Não vivo, mas revivo, tudo me passa ao lado mas tu sim me atinges de frente.
Os meus dedos seguem-te nas tuas palavras. Vibro contigo, quando te encantas e quando me encantas com um sorriso. Perco a razão quando me foges. Grito e suplico em silêncio quando te esquivas na sombra e me ofereces as cinzas do que era nosso. Vais, passas por mim, perco-te e continuas ali, dentro de mim. Semeio as tuas palavras na minha boca, recito-as em voz alta só para te ouvir sem ser perciso expor-me a ti.
E resvalo pelo tempo. Procurando-te. Achando-te feito aos pedaços, estrilhaçado pelo choque depois do qual te encontro, te abraço e beijo com a mesma loucura de há uns tempos.
Nunca serei igual a ninguém. Porque eu sou-te.
Só me conhece quem me teve nas mãos...
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